Os portos de Santa Catarina vão superar a capacidade de movimentação de contêineres do maior complexo portuário do Brasil, em Santos (SP), em cerca de três anos. A estimativa foi apresentada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em uma reunião na Federação das Indústrias de SC (Fiesc), na última segunda-feira (22).
O salto se deve especialmente aos investimentos bilionários previstos pelos dois maiores terminais privados do Estado, Portonave, em Navegantes, e Porto Itapoá, que vão ultrapassar a capacidade anual de 5,3 milhões de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) em Santos. Os dois terminais investirão, juntos, mais de R$ 3 bilhões em Santa Catarina.
O gerente regional substituto da Antaq, Lucas Sampaio Ataliba, avalia que, com a maturação da operação do Porto de Itajaí após a nova concessão, que deve ter o edital lançado ainda este ano, em cinco anos a capacidade de movimentação de contêineres por portos catarinenses deve chegar a 6,5 milhões de TEUs por ano.
A perspectiva é positiva, mas traz alertas importantes sobre a necessidade de preparar o Estado para alcançar a capacidade prevista. Um dos principais entraves é o transporte rodoviário das cargas, que enfrenta problemas crônicos.
- A infraestrutura rodoviária em SC já é um gargalo e o aumento no volume de cargas vai piorar a situação que já é crítica nos acessos aos portos. A iniciativa privada foi forçada pelo mercado a fazer investimentos para atender a demanda, mas o setor público precisa acompanhar - alertou Ataliba.
A avaliação foi seguida pelo presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar:
- Santa Catarina precisa pensar em alternativas para a BR 101. A rodovia está chegando ao seu limite e em alguns trechos já funciona como uma via urbana. Além da expectativa de aumento do tráfego de caminhões para atender a demanda do comércio exterior, temos de levar em conta o crescimento populacional e do turismo no nosso litoral, que pressionam o principal corredor logístico catarinense.
Na Portonave, por exemplo, que é acessada pela BR-470 e BR-101, são em média 2,1 mil caminhões por dia - com picos de três mil caminhões em 24 horas. O número aumentou 6% em relação ao ano passado.